A RPG, ou Reeducação Postural Global, pode ser uma solução para esse problema.
Matéria escrita por Alessandra Nalio, para a revista Você S.A., em dezembro de 1998.
O empresário Petri Andrei, dono da prestadora de serviços financeiros PVA, em São Paulo, levava uma vida como a de muitos homens de negócios. Passava de 10 a 12 horas por dia dentro do escritório. Depois, em casa, trabalhava ainda mais umas 3 horas cuidando do serviço atrasado.Para não enferrujar de vez, nadava três vezes por semana. Tudo ia bem até o dia em que, no banho, Andrei abaixou para pegar o sabonete. Suprema humilhação, ele simplesmente travou naquela posição desonrosa. “Fiquei duro e não conseguia me mover”, diz ele. “Minhas costas estavam petrificadas pela dor”. Depois que finalmente conseguiu sair do chuveiro, o empresário procurou um ortopedista. Descobriu que era mais um dos milhares de vitimas de hérnia de disco e compressão do nervo ciático. Durante o tratamento, Andrei tomou antiinflamatórios e chegou a usar um colete que mais incomodava do que ajudava, o médico do empresário então sugeriu que ele procurasse um especialista em RPG, ou Reeducação Postural Global. “Foi o que me salvou”, diz Andrei.
O que se pode realmente dizer dessa RPG, que mais e mais freqüenta as conversas hoje em dia?
A RPG, técnica da fisioterapia que tem como base a reprogramação da postura, foi desenvolvida no inicio dos anos 80 pelo fisioterapeuta francês Philippe Souchard. Ela parte do pressuposto de que há, basicamente, dois tipos de músculo no corpo humano. O primeiro grupo é o dos músculos estáticos (como os das costas ou da sola do pé), que estão sempre contraídos e prontos para serem acionados. O segundo são os músculos dinâmicos, como os da barriga, que relaxam quando não são usados. Souchard concluiu que, para acabar com as dores musculares que infernizam a vida de tanta gente, era preciso exercitar uma inversão mas coisas: os músculos estáticos deveriam ser alongados, enquanto os dinâmicos deveriam ser contraídos. Criou então oito posições básicas para acertar a postura do paciente. “A dor é sempre uma conseqüência”, diz o fisioterapeuta Oldack Borges de Barros, professor da Universidade Internacional de Terapia Manual, na França, e presidente da Sociedade Brasileira de RPG. “A RPG corrige também a causa do problema”.
Estima-se que cerca de 80% da população brasileira sofra de algum tipo de dor nas costas.
Entre a classe média, legitima representante do sedentarismo confortável, essa estatística pode ser ainda mais alta. Que atira a primeira pedra quem não passa horas diante do computador, sentado em cadeiras de encosto reclinável, ou se esparrama no sofá para assistir à televisão. “Tudo isso tende a arrebentar a coluna se a pessoa não prestar atenção na postura”, diz Barros. “A RPG pode consertar um monte de estragos”, afirma Flávio Murachovsky, traumatologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Se o problema não tem a ver com postura, a RPG não é eficaz.
Mas se o que atazana sua vida são coisas como desvio de coluna, lordose, artrose, artrite, pé chato, entre outras chatices, a correção da postura pode ser a grande solução que você buscava. Nos casos de hérnia de disco, há nove chances em dez de o tratamento ser um sucesso. Só no Brasil, mais de 35 000 pessoas já se trataram ou se tratam com a RPG. “Sou fã de carteirinha da RPG, que para mim foi uma milagrosa” afirma o consultor industrial Luis José Fabiani, dono da Option Serviços Financeiros. Durante 15 anos Fabiani sofreu de dores na coluna lombar, produto, segundo ele, de longos anos de “sedentarismo caprichado”. Bastaram algumas sessões de RPG para as dores irem embora.
Além de resolver problemas médicos, a RPG também pode ajudar em questões estéticas.
Ao corrigir a postura, automaticamente há correções nas formas do corpo-principalmente naqueles casos de “falsa barriga”, quando a postura errada empurra o quadril para trás e o estômago para frente. Só com esse movimento, as pessoas passam a projetar uma imagem mais confiante. A diretora financeira da rede de lojas Lê Postiche, Fabiana Restaino Esper, nunca teve dores nas costas, mas sofria na frente do espelho por causa de um desvio de coluna. “Foi só corrigir minha postura para o desvio ir embora”, diz ela, que acabou indicando o tratamento para o pai, o empresário Álvaro Miguel Restaino, um dos sócios da Lê Postiche. “Depois de um ano de fisioterapia, me sinto bonito e mais jovem. Essa terapia também mexeu com meu estado de espírito”, diz Restaino. Outro que melhorou a autoestima com a RPG foi Moacir Palmeira, diretor da agência de publicidade Prumo Comunicação. Por conta das agruras do dia a dia, palmeira começou a ficar cabisbaixo, os ombros caíram e o pescoço chegou a se projetar 7 cm para frente. “Aquilo me incomodava bastante, mas nunca tive coragem de tomar uma providencia”, diz ele. No meio de uma sessão de analise, sua psicóloga recomendou um profissional de RPG.
Hoje, um ano depois, ele está quase 100%. “A RPG me ensinou a enfrentar os problemas sem refleti-los em meu corpo”, diz Palmeira.
Alongue-se com a RPG.
São cerca de 1 200 especialistas no Brasil. A Sociedade Brasileira de RPG pode lhe indicar um. O tratamento, na maioria das vezes, dura pelo menos seis meses, fazendo uma vez por semana. Alguns planos de saúde cobrem parte do tratamento. As sessões custam entre 50 e 120 reais.